Publicado em 23 de agosto de 2016

A imagem considerada mais simbólica da Rio 2016!

A imagem considerada mais simbólica da Rio 2016 foi resultado de risco calculado. Isso porque o australiano Cameron Spencer, autor da fotografia, não tinha sido escalado por sua agência Getty Images para cobrir a final dos 100 metros rasos. Para cumprir a tarefa, onze colegas dele e suas câmeras com disparo remoto estavam no Estádio Nilton Santos, o Engenhão.

Spencer estava no gramado fotografando as provas de salto com vara, lançamentos de disco e peso. Pouco antes do inicio da final dos 100 metros, Spencer abandonou sua missão por quatro minutos. Foi posicionar-se junto a linha de chegada. Escolheu uma objetiva zoom de 80 à 200m milímetros e girou o anel na posição de 135 milímetros.

Sabendo que a sua turma, entre os 600 fotógrafos presentes, garantiriam as imagens clássicas, decidiu por uma temeridade. Escolheu a velocidade baixíssima de 1/40 segundos na sua Canon 1DX para captar o homem mais rápido do mundo. Nestes casos, a chance de registrar uma mancha colorida é grande. Se Spencer estivesse sozinho para cobrir a prova, talvez não ousasse tanto.

Em seguida, Spencer fez uma aposta mais tranquila, mas também arriscada. Cravou o foco na raia 6, o caminho de Bolt. De novo, o vencedor poderia ser outro, e a fotografia de Spencer iria para a lata de lixo. Por mais das vezes, as fotografias marcantes de esporte, devido a natureza veloz da ação, são preparadas. A prova dos 100 metros é tão rápida que se o fotógrafo desviar o olho do visor, perde o momento decisivo.

Quando Bolt passou por Spencer, o fotografo reteve a respiração para não tremer. Disparou várias vezes com a câmera acompanhando o movimento do corredor jamaicano. Ou seja, da direita para à esquerda. Isso possibilitou o efeito borrado das pernas em movimento mais rápido que o resto do corpo. A cabeça de Bolt ficou imóvel por estar sendo seguida pela objetiva. O Raio abriu um sorriso. Sorte. Sem o sorriso seria apenas uma boa fotografia.

Os fotógrafos da Getty fizeram 21 mil fotografias dos 100 metros. Entre elas, 876 foram editadas e enviadas, via conexão ethernet, à Londres em apenas 59 segundos após do fim da prova. Levaram 1 minuto e 20 segundos para percorrer mais de 9 mil quilômetros até a sede da agência. Um recorde em coberturas olímpicas. Mais uma história curiosa para o almanaque da fotografia cuja invenção por Niepce completou 190 anos na semana da prova de maior audiência da Rio 2016.

Antonio Ribeiro



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